Por onde passo,
por onde passei,
por onde passarei,
que importância isso tem
se não passo de um nado morto da palavra?
Respiro por respirar,
durmo por dormir,
vivo por viver,
que importância isso tem
se as páginas que escrevo
são sílabas da noite que não amanhece,
são fibras de vento que não se ouvem?
Estes passos que ritmos não têm,
são sombras que se alugam às manhãs noturnas,
bocas seminais
que, no universo da vida,
percorrem as vielas secundárias
das aduelas urbanas,
erguendo os fusos horários
de um tempo inóspito.
Por onde vou,
por onde fui,
por onde irei?
Que matriz de sangue é esta
que se esvai por entre o medo de não o ter,
apagando o riso à garganta seca
e acendendo à luz elétrica do cacimbo
os faróis da claridade
que espantam o negrume do silêncio
e vestem ao corpo das monções
a brisa calculada de um encanto pueril.
Onde estou,
onde estive,
onde estarei,
que importância isso tem
se sou esta morte de fera viva.❞R Cresppo ☧
Bellaria, 26 de Maio de 2015. 17:12:02
por O Abre Aspas
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