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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Poema inútil

Cuidar do poema que adoece
É estrangular a prescrição do medo,
É arejar a docilidade do tempo
E libertar o fôlego saudável do seu tempero.
O poema estremece de prazer,
É amor que floresce
Por entre os lábios lamacentos do seu nevoeiro invisível,
Socorrendo a decrepitude natural
Do luto que o encobre,
Mal o vaticínio do desprezo
Vacina a pena criativa
Com o rubor feminino que o enlaça em sorrisos
Para que o seu espaço vital
Seja o enredo estimável da obra plena.
O poema é esta faca afiada
Que me rasga a sensibilidade,
É sangue que rompe o silêncio,
É lava que cega à noite,
É esta garganta de cicuta
Que amputa os delírios da raiva
Para que o parto da escrita
Seja o débil ódio da fome
A escravizar a agonia da sua pose fotogênica.
Fotograma a fotograma,
A objetiva oculta
Seduz o vigor da vivacidade,
Divaga por entre lampejos de fogo,
Revela os quadros mortíferos da sua tempestade final.
O poema vence a inutilidade de ser inútil.❞R Cresppo ☧

Bellaria, 13 de Maio de 2015. 22:05:02


por O Abre Aspas

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