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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Lampejo Diário - IX ɕ XI

Ontem, iniciei o dia por ir almoçar à cervejaria/cantina La Birra di Paolino, no centro de Misano. A gentileza é apanágio de quem nos atende e a variedade o seu hábito. Depois, entretive-me a ler, no jornal local, a entrevista com o escritor Gorgiotti Miancoli, a propósito do lançamento do seu mais recente livro "Enegri".  Gostei da entrevista. Gosto da escrita de Gorgiotti. A sua linguagem é um fascínio. Os perfumes africanos e moçambicanos envolvem-nos o olfato do olhar e ilustra-nos o pensamento com as mangueiras e os cajueiros da nossa fome literária. A sua escrita é uma piroga nos rios das palavras e a originalidade do prazer africano habita as palhotas da vida. Leio Gorgiotti como leio-me a mim próprio. Saio a luar, saio ao afogamento da tristeza e descubro, em cada rota do tempo, as trovoadas  e a chuva da minha sede nas picadas do tempo.


Hoje, sou tudo e nada. Consumo os pensamentos que trago à flor da pele e dispo a sua nudez com os trajes da sua natureza inóspita. A chuva é a minha transpiração e, o ritmo dos seus milímetros, a respiração sinuosa da serpente que se move entre o silêncio do nada e o rufar do tudo. O dia caminha para a noite e, eu, caminho para o universo do nada, descobrindo, em cada passo, a urgência de transferir sentimentos para esse mundo vago de sonhos que tudo são e nada valem. Sou um segundo nas asas das horas. Voo sem voar, e encontro-me na fronteira onde o tudo é nada. Assim sou, assim caminho.❞R Cresppo ☧


Bellaria, 09 de Novembro de 2016. 18:23:12


por O Abre Aspas

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