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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Oblívio no engano IV - Ipso facto

Não há chuva que resista às tonterias das palavras rotas. Abro o guarda-chuva e descubro que o Sol é a resistência da noite. Fecho o guarda-chuva e abandono os meus cabelos às gotas da chuva que, embora sejam de água tépida, são pérolas que eu roubo aos descaramentos das nuvens que me perfumam com a linguagem do descrédito. Nesta vida de presunções coloridas, o importante não é a rosa, mas sim as pétalas que a adornam com a placidez do tempo esculpido pelas diatribes das bocas circunspetas. Molhado pela sopa do dia, aprendo, na rigidez muscular dos eventos, a prescrever, a mim próprio, os delírios de nada saber sobre os rigores das tempestades que danam e as bonanças que espumam as raivas adormecidas dos guizos que tilintam nos idílios campestres da levitação prematura. De que falo? De que escrevo? Eis um hábito que nem o monge veste. O tecido é tenebroso e quem o habita abomina os caprichos da natureza humana. São padrões de falácias que se ouvem pelos cantos da boca e que nidificam nas falésias do abstrato, quando, não mesmo, do absurdo. E por falar, em absurdo, eis-me perante a radiosa perspectiva de estes ciscos apresentarem no palco da altivez, as cenas absurdas de nada serem. Ipso facto.❞R Cresppo ☧

Bellaria, 19 de Outubro de 2017. 16:49:21