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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não sei, mas sei que não sei.

Quem sou eu nesta terra de ninguém? Não sei. Ulysses a caminho de Ítaca, não sou. Não sei. Nem Kant me alivia a Razão. Alguém me espera nos cantos do amor? "Never More", diz-me o Corvo curvado sobre a minha falta de identidade humana. Que culpa se gera no ômega da indiferença? Não sei. Não sou réu da vida que se debruça sobre o vento e que apalpa as palavras do pensamento. Serei o desejo da noite mais obscura? Não sei. Sou demoníaco na lavra da mensagem, mas austero na impertinência da coragem. Que desespero é este que refulge na balança dos justos? Não sei. A espada da eternidade pende sobre a cabeça do fogo e os dedos de veneno saudável revolvem-se como serpentes de uma vingança que desconheço, mas Medusa não sou. Serei a esfinge de uma demagogia simplória abraçando a ditadura democrática que me asfixia? Não sei. Desconheço a farsa que me modela a razão, mas não me disfarço perante os demagogos a quem os hábitos do monge se perfilham como a clorofila das suas agonias mordazes. Quem sou nestas gerações de beat claustrofóbico? Não sei. Murmuro, assobio, e pergunto ao país, mas o verso nada me diz. Não sei, mas sei que não sei.❞R Cresppo ☧

Bellaria, 07 de Maio de 2015.


por O Abre Aspas

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