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sábado, 4 de agosto de 2018

Lampejo Diário - XIV

Nestes diários de pássaros diluvianos pergunto à interrogação que me transcreve as edições dos meus estados de alma que lamaçal é este em que, de maneira estultícia, me escondem nas prateleiras do sabiá. Vá lá saber-se o que eles são... A paciência que me atola os sentidos, desdobra-se em fornadas de tumultos interiores que são de difícil diagnóstico. Não me envaideço por nada deste mundo, onde os pássaros esvoaçam em encantamentos que só um deslumbramento de um voo picado arrefece o ânimo de uma escrita que vai para além do que é um fator normalizado nas gargantas de um digitalismo feroz que afoga em artes de insignificância o prazer de um gosto, limpo de preces inúteis. Se tenho asas, pouco importa. Abraço os desejos da longevidade na superficialidade da distância que tenho que percorrer para que a liberdade que me sustenta o olhar seja a noite lunar que me sossega os tormentos de uma imbecilidade que paira sobre a arte falsa de lábios parasitas. Desgostam-me parêntesis de borras decadentes que, de um modo altivo, se encadeiam com os romanceiros da creolina decadente. Ambiciono o que a ambição não ambiciona. Vagueio, por entre as histerias da solidão, complacente com as raivinhas de um estômago que, sem defesas, absorve os sumos ideais de ser a mestria de uma humanidade que respira a serenidade de um poente admirável. Voo, pássaro livre, por entre horizontes de fragilidades, endurecidas com o aço da experiência. Construo caracóis de células solares e restauro o princípio básico de ser o que o futuro será. ❞R Cresppo ☧

Bellaria, 03 de Agosto de 2018 - 14:16:02


Oblívio no engano V - Ilha dos Amores

As cotoveladas que sofro na vida assemelham-se a um balanço de almas desvalidas. Sinto o eco das suas passadas nas fronteiras do meu espelho mental que refletem as harmonias de caprichos inúteis. Tempos houve em que o Mito de Sisifo se aplicava às regras dos que pretendiam moldar as chaves dos meus conteúdos ilusórios. Nestes processos de abcessos alheios avistei, constantemente, a saga das abelhas sem colmeia. Picam ao acaso e pousam onde tudo é volúvel. São traças de veludos pesados que rasgam sem a sensibilidade das tainhas vogando ao sabor da corrente. Pescam o que precioso lhes parece e, na hora da tosquia, verbalizam o irracionalismo dos dementes. A náusea saliva-me as horas do poente, enquanto navego, solitário, pelo doce descaso da imaginação fértil, lambendo às labaredas de um amor vago a tranquilidade do meu silêncio nos ruídos ávidos da vida que vagueia e desfalece na aposentação dos seus remorsos itálicos. Sentado na gávea dos meus sonhos, observo a invisibilidade de tudo o quanto me rodeia, e descubro na palidez do horizonte a rota dos teus cabelo sedosos e noturnos. Afago-os com um gesto meigo e deslumbro-me com o feitiço da tua languidez perpétua. Sabes, sou esse teu desejo de me saberes balouçando na réstea pacífica desta ilha que sou. Rodeado de silêncio por todos os lados, grávido de ternura e de sensualidade. Eis-me, só, na Ilha dos amores. ❞R Cresppo ☧

Bellaria, 02 de Agosto de 2018 - 15:04:27