Eu não sou real. Sou um sonho que anda por aí. Desconheço
quem me sonha. Um sonho? Não, uma imensidade de sonhos. Cada um deles pretende
preencher o vazio que navega no naufrágio de cada coração que perdeu a
navegabilidade da vida que vive. São sonhos sem nomes, sem idades, passados ou
futuros. Todos podem ser pescadores e pescarem nos afluentes dos seus rios as
combinações das realidades que melhor preencherem os vazios que anseiam por ser
alagados com a fertilidade de serem o que não são. Não pensem em cores, nem em
dias ou em noites. Flutuem no universo infinito dos meus sonhos e serão a
riqueza humana da beleza com que nos abastece a natureza. Nos meus sonhos não
há lugares para a tristeza, nem para a morte dos desejos que sufocam as
incapacidades de se libertarem os prazeres que são as receitas prescritas
destes sonhos que viajam, sem composturas e sem elegâncias de verbalismos,
gastos pelas inconfidencialidades das confidências sem sonhos. Se me virem
passar por aí, sorrindo e brincando como uma criança, não se surpreendam, é,
apenas, um pássaro que voa, sonhando os sonhos que aprendeu comigo, nos
mistérios e nos segredos da embriaguez solar que a todos nós consolará. São
sonhos que eu sonho por não ser real. Sou, simplesmente, um sonho que anda por
aí. ❞R Cresppo ☧
Bellaria, 26 de Junho de 2017. 20:55:14

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