Li o que li e li o que não li; agora me esqueço de ler o que não sei ler e o que não quero ler.
Por puro prazer. Criei uma colmeia de palavras e provei-lhe todo o gênero de sentidos; depois, abandonei-a num deserto de que não me lembro o nome. Um corvo todo vestido de negro pousou no parapeito da janela e com hábil maestria abriu-me a janela dos pensamentos; as palavras ao sentirem-se livres, fugiram de mim e eu nada fiz para recuperá-las. Hoje, ao cruzar a rua dos sentidos, não me iludo com o semáforo das suas paisagens. Sei que o vento reconhecê-las-á, mal o Outono as amadureça, ao anoitecê-las. Quando for o que não fui, a colmeia das palavras descobrirá, finalmente, a espécie de deserto que sou.❞R Cresppo ☧
Bellaria, 30 de Abril de 2015. 14:06:43
por O Abre Aspas
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