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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Oblívio no engano XII – Quais as verdades?

Há verdades que deixam de ser válidas quando são violadas pelos verdugos que vagueiam viçosos, vestidos de vítimas nas vitrines dos vasos venenosos que vilipendiam as voracidades de outra verdade. Que verdade?
Nunca desisto de ser quem sou, mesmo quando não se é, o que se é na sinusite das ruas sinuosas do destino.
Há vampiros que vazam as volúpias dos vultos que vivem com as vendas dos vivos, volteando nas voltas dos vincos virtuais da verdade. Que verdade?
Rastejo como um réptil sem o ser, porque ninguém reconhece a sua inexistência no mundo dos animais palradores, embora, por vezes, reconheça o veneno que lanço com a precisão da imortalidade, não mortalizada.
Há vozes que vinculam as vagas das verrugas às vergastas que vaticinam aos fígaros da verdade. Que verdade?
Eis uma razão para não ser o que se é: ser-se o que se é. É um sinal de fugas. E por que razão fugir é uma fuga e não os sinais do seu sinal? Sou um sinal de acentos finais.
Há violinos, violoncelos e violões que vogam nos veleiros da velhice, vergando às suas viagens as vassouras dos vergões que vibram as vogais que velam pelas vírgulas de umas vagas verdades que vocalizam a própria verdade. Que verdade?
Já não subo ao cume de mim mesmo, desde que os pensamentos me abandonaram. Não lhes ligo importância, porque sei que todo eu sou um pensamento. Quem não se espelha no espelho das minhas barbas, reflete-se na silhueta do seu pensamento. São esculturas de natureza indefinida.
Há vasilhames de verga nos vermes das verduras que visam as viseiras das vocações que vislumbram as vitórias vibrantes dos vagões que vasculham os vícios da verdade. Que verdade?
Sou a sombra das sombras que passa despercebida por entre os vários silêncios que se formam à volta da fogueira que acendo sem os fósforos da vida. Ser visto no oleanário da vida, não é a página solta de uma vida que o vento assobia nos rápidos dos olhos noturnos.
Há vigores que são valores no vetusto virtuosismo da vacuidade vitalícia. São vitaminas valiosas para quem se vilipendia à vista da sua vigarice com vulgares vitimizações para vangloriar-se de um voto sem verdade. Que verdade?
Esta verdade, apesar não ser a minha verdade, é uma verdade a que não posso escapar, porque quem vive, vivendo uma não vivência de verdade que é verdadeira, só pode invocar como verdade, a aparência de ser o que se é no centro das mentiras que passam por ser uma verdade que não é verdadeira, porque não se reveste com as barbas da verdade que se vêem à vista desarmada da verdade de quem quer que seja.❞R Cresppo ☧

Bellaria, 06 de Novembro de 2024 - 16:09:27











domingo, 16 de junho de 2024

Pinceladas de uma Intimidade Liberta - IV - SAINDO DE MIM MESMO

Domingo. O sol que espia por entre as formas de algodão mal se vê e, eu, mal me distingo na apoteose do nada. Desligo o rádio e dirijo-me à frente da minha casa, dando as caras à via Mar Jonio, partindo sem rumo mas com certa tendência por buscar a via Uso. O fiume Uso sempre me traz algo de nostálgico, melancólico, mas que por tantas vezes busca com dificuldade um longínquo e quase frívolo grão de esperança dentro deste ser, que, talvez já não busque qualquer outra coisa senão uma tergiversação vã, e, de certa maneira cômica para com o passar dos dias num desígnio que por certo se aprochega do fim. O destino, ao que parece, não pode abandonar seus contornos truculentos; voa em minha direção um bloco de jornal impresso que enrosca por entre minhas pernas. Nem chutar me apetece nesta caminhada que se sente como um flutuar com pesos. Apanho a desgraçada e tão amassada publicação. Leio notícias. Respiro sobre elas. A fibra de quem governa é nenhuma. O Governo é displicente, ignorando o sentido de Estado. Parece um grupo dramático de teatro, representando a comédia dos seus próprios atos. Confrangedor, na melhor da hipóteses. Este Domingo me aborrece ainda mais do que todos os outros. Sou carteiro de mim mesmo. O telegrama é um sonho que se despede. Todos os sonhos são assim. A Morte é a Vida que não se sonha. Saio, saindo de mim mesmo e regresso, alheio, ao encontro de todos os meus desencontros. Dos encontros, o sonho que se despede, se despe saindo de mim mesmo.❞R Cresppo ☧

Bellaria, 16 de Junho de 2024. - 16:39:58

Renato Cresppo (photo by Angioletta Pilla Nel Vento)