Esqueço-me do cansaço, desmonto a idade, e resisto à mendicidade do tempo com a opulência do humor. Sem me rir, nem sorrir, que estes pedaços de uma ventania mental são arpões de prosa madura que pescam nas águas do inconsciente a sinusite de um canto que realça os contornos macios de uma politicagem desvairada pelos encantos de uma beleza castradora e pelas betonasses da carolice pedante. Avalio a sapiência da secura e examino a ignorância da candura com que se vestem os atos cerimoniais da presunção e da castração. Sou imune à divinização. Sou opaco na transparência de quem nada transparece e sou transparente na opacidade de tudo o que envelhece. A resistência é um dardo diário no alvo da decadência, é uma dose reforçada de feijoada proverbial para que os sentimentos de rejeição atinjam os objetivos da objetividade. A ironia pode não ser a linguagem da compreensão, mas é, certamente, a travessia de um deserto onde a mais pequena aragem causa uma tempestade de areia. As dunas reconhecem os seus lacraus e os seus venenos adubam a ventilação das palavras que nascem no oásis das suas idolatrias. Danço sobre os túmulos da vacuidade humana com a mesma galhardia com que se arrufa a vindima dos destinos na petulância dos traços genéricos da genética política. Não me oponho à oposição, mas oponho-me às suas posições, sem nervo, nem estatutos de inteligência que absorvam as tentações da realidade perversa. Serei perverso? Talvez, mas a perversidade é uma ambiguidade entre as dúvidas que racham e as perguntas que ferem, não por serem pueris, mas porque os seus ritmos adultos alteram as franjas do olhar de rapina. Esqueço-me do tempo, acordei os dedos dos regos diários. Regado por aspersão, afogueado, por absolvição.❞R Cresppo ☧
Bellaria, 12 de Junho de 2018 - 15:13:06
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